quinta-feira, 1 de agosto de 2013

O Amor e a Admiração

A base do Amor é a Admiração. Não sou eu quem está falando, Platão já disse isso no século V a.C., em "O Banquete". Sem admirar o outro, não há como respeitá-lo, não há como amá-lo. Verdade ou mentira?



Quando conhecemos alguém, temos a tendência a procurar nele ou nela afinidades e similaridades. Isso se aplica tanto à amizade quanto ao amor, afinal, não nos identificamos com pessoas que não são parecidas conosco. Tendemos a achar características que "batam" com as nossas e começamos a observar o outro com bons olhos. Quando encontramos pontos em comum com alguém, criamos uma comunicação harmônica, nos abrimos para essa pessoa e criamos vínculos, criamos laços. É assim que as amizades e também os relacionamentos amorosos começam.

Pense nos seus melhores amigos. São pessoas muito diferentes de você? Pode ser. Mas pense naqueles que lhe parecem mais legais, mais especiais, mais próximos. Você notará que são pessoas que pensam como você, que têm objetivos de vida semelhantes, que acreditam nas mesmas coisas. Talvez vocês usem até os mesmos vocábulos e expressões linguísticas! Sim, isso acontece de verdade, a linguagem é um modo fidedigno de expressarmos o que se passa em nossa mente.

Ter um relacionamento com alguém semelhante é uma verdadeira delícia: podemos compartilhar gostos, interesses, experiências. O casal se identifica e ambos se sentem confortáveis, pois sabem que máscaras não são necessárias. Você pode se expressar livremente, pois sabe que o outro vai te entender. E é claro que ambos terão um alto grau de entendimento e harmonia, uma vez que a comunicação é fluida e sem obstáculos. Sabe aquele axioma de "Não fazer para os outros o que você não quer que façam para você"? Uma relação fluida entre pessoas similares funciona assim. Se eu não gosto de gritos e palavras ríspidas, por exemplo, sei que meu parceiro similar a mim se incomodará com tal comportamento e, obviamente, não o farei. Tudo fica bem mais fácil!

Há teóricos que acham que os opostos se atraem e se complementam, e que o "saudável" é nos relacionarmos com pessoas diferentes de nós. Será mesmo? Será que não é uma perda de tempo, um desperdício de vida? Pra quê gastar sua energia com coisas e pessoas que dão trabalho, que estressam, que desagregam? Já temos tantos problemas no trabalho, na vida moderna, na família, será que escolher um relacionamento desgastante com um parceiro totalmente diferente de nós é mesmo uma decisão sábia? Pra quê dificultar tanto as coisas?


Quando admiramos nosso parceiro, queremos conviver com ele, aprender com ele, crescer com ele. Sabemos que temos muito a ensinar e a aprender. Sabemos que podemos unir forças para progredir, para ir para a frente. O verdadeiro Amor deriva da Admiração, não de conflitos ou da sensação de falta, de escassez. Se olhamos nosso parceiro e pensamos "Fulano(a) poderia ser assim", "Siclano(a) poderia ser assado", "Eu queria fazer tal e tal coisa com Beltrano(a), mas ele/ela não aceita de jeito nenhum" ou a fatídica "Queria tanto que meu parceiro(a) mudasse...", sabemos que o negócio já desandou. A grande verdade é que acabamos nos ressentindo por ter escolhido mal e começamos a desejar pessoas mais coerentes com nossos pontos de vista, opiniões, aspirações, sonhos e objetivos. Ninguém muda, as pessoas podem fazer concessões para que o relacionamento não vire um inferno, mas nesse caso ambos se sentirão ressentidos e tolhidos. É separação na certa, a não ser em casos onde ambos decidem viver uma vida decrépita e medíocre a fim de satisfazer a sociedade.

Considerando tudo isso, vale a máxima: "Cada macaco no seu galho." Se você realmente quer ter um relacionamento amoroso DE VERDADE, escolha um parceiro(a) parecido com você, o máximo possível. Rusgas existirão? Certamente. Mas pelo menos você saberá como lidar com a situação sem dizer para si mesmo pela milésima vez: "Meu Deus, ONDE eu estava com a cabeça quando me comprometi com esse ser?"

Ah! Só um último comentário:
Se você acha que querer amar alguém igualzinho a você soa um tanto quanto narcisista, saiba que TODOS somos seres narcisistas. Jung e Freud estudaram muito sobre o tema e é lógico que nos sentimos extremamente confortáveis com almas afins. Portanto, deixe a máscara de bom samaritano de lado e se jogue nos seus desejos, busque sua felicidade sem culpa, afinal, ser um pouquinho narcisista é normal, natural e indicado para todos! rs



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