sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Você é uma Mulher-Capacho? - Parte 1

Nos últimos dias tenho pensado muito no comportamento atual de algumas mulheres. Estou relendo o livro "Quem me roubou de mim?", do Padre Fábio de Melo (não, não gosto de padres, mas tenho que admitir que este livro é muito bom. É uma obra que fala do sequestro da autonomia nos relacionamentos pessoais, processo que acaba por destruir a identidade e a autoestima da pessoa. Fora alguns poucos comentários de cunho religioso - totalmente dispensáveis - o livro é bastante interessante, de fato.) Fico me perguntando: Por que algumas mulheres aceitam abusos de toda espécie somente para manter um relacionamento que, claramente, está fadado ao fracasso? Por que essa necessidade inexplicável de ser humilhada, rebaixada, agredida? Como pode uma pessoa sentir prazer com a própria degradação?

Explico: Existem homens saudáveis e equilibrados, que sabem tratar uma mulher com respeito e carinho. Esses homens merecem ser amados, respeitados, mimados e tudo mais. Merecem nossos melhores sorrisos e suspiros. Um homem que sabe, realmente, respeitar a individualidade e a identidade de sua parceira merece ser tratado a pão-de-ló. Certo? Sim, claro. Lógico. Mas e aquele cara que usa e abusa de sua namorada/esposa, a tratando mal, debochando de seus gostos, cometendo traições e abusos de toda espécie? O que ele merece?

O grande problema é que nem sempre as mulheres PERCEBEM que estão envolvidas num quadro de abuso. ABUSO não é somente levar uma surra, minha gente. Quando a pancadaria começa é sinal de que uma série de outras bizarrices já aconteceu, é a evidência de que o processo de degradação daquela mulher já avançou, e muito. Ninguém espanca a esposa de um dia para o outro. Como todo tipo de comportamento negativo, as coisas vão acontecendo aos poucos. Hoje, uma piadinha depreciativa. A mulher releva. Amanhã, uma piadinha debochada em público, na frente das pessoas. A mulher perdoa. Quando a coitada se dá conta, está apanhando na cara!
O mais curioso é que a mulher tem uma percepção intuitiva de que algo está errado. Ela vai perdoando, relevando, fazendo vistas grossas para vários tipos de agressões, mas dentro dela há uma voz que diz que aquilo não está certo. Somente nos casos em que a mulher já não tem mais nenhuma gota de autoestima é que não há mal-estar ou questionamentos internos.

Veja os tópicos seguintes e reflita se você ou alguma pessoa próxima está deixando sua vida nas mãos de alguém que, no fundo, não está se importando nem um pouco com seu bem-estar. A Mulher-Capacho costuma agir da seguinte forma:

- Faz do parceiro o centro da sua vida: ela vive em função do namorado/marido. Pensa nele o dia todo, tenta fazer tudo o que ele quer, dispensa sua própria família e amigos para poder passar o máximo de tempo possível com o ser "amado". É fácil identificar a displicência com seus outros relacionamentos; a pessoa se torna indisponível para tudo aquilo que não inclua o homem. Todos os seus interesses se tornam um reflexo dos interesses do "príncipe" e ela tenta, desesperadamente, se encaixar no papel de personagem principal de uma peça que o outro escreveu. Negar a própria essência, as próprias predileções, as próprias raízes é o primeiro passo para o processo de degradação da identidade.  

- Passa todo seu tempo livre com o parceiro: ela some do mapa, ninguém nunca mais consegue marcar um encontro com a Mulher-Capacho. Ela não tem mais amigos, família, lugares favoritos. Tudo se resume em servir o melhor possível a seu mestre e mentor. Parece brincadeira, mas já ouvi a seguinte conversa: "Ah, meninas, não posso bater papo com vocês e demorar para chegar em casa, tenho medo do meu marido conhecer alguém pela internet enquanto estou fora..." Daí vem o pensamento: "Que LIXO de vida é essa, amiga? COMO viver com alguém que não pode ser deixado sozinho por uma hora ou duas?"... Lamentável, né? Outro exemplo que ouvi: "Ah, meu namorado não gosta que eu tenha amigas, ele acha que eu vou traí-lo se sair para almoçar com elas." HELLO? Doença mental, distúrbio psiquiátrico? Que tipo de maluco pensa uma coisa dessas? E que tipo de maluca carente e subserviente aceita isso?

- Tenta agradar seu parceiro a qualquer custo: Daí o cara toca bombardino e você detesta o som deste instrumento. Mas ah, se você aprender a tocar ele vai te amar mais, né? Ou então ele gosta de ler Shakespeare em inglês arcaico e você, de repente, passa a se interessar também, mesmo não tendo a menor inclinação para a leitura. Ou então ele gosta de loiras de cabelo curto, e você corre tingir e cortar seu cabelão que demorou anos para crescer. Personalidade passou longe, hein? É constrangedor ver o quanto as mulheres se rebaixam para impressionar um homem. Em alguns casos, elas se tornam marionetes prontas para serem manipuladas. E o pior é que esse tipo de comportamento é fake, é patético, é indigno de crédito. Somente as pessoas fracas e carentes mudam para agradar Fulano ou Siclano. Seja você mesma. Respeite-se, em primeiro lugar. Não dá para comprar o amor de alguém fingindo ser quem você não é. As pessoas não são cegas nem burras, todos perceberão que você está se rebaixando. 

- Vive para impressionar os outros: leia-se "vive para impressionar as amigas e a família". É muito comum mulheres que sofrem as maiores desconsiderações manterem um relacionamento a fim de impressionar suas amigas ou sua família. Elas acham que tiraram o bilhete premiado e que não podem desistir de um relacionamento que julgam lucrativo (SIM, lucrativo, estamos falando de grana, comodidade, status e regalias!), mesmo que sejam violentadas em sua subjetividade. Elas aguentam firme, engolem mentiras, traições, humilhações, ironias, grosserias e todo tipo de ataques. Imagine só, o que aquela prima invejosa vai pensar se o namoro perfeitinho da Fulana acabar? Ah, não. Melhor comer arroz com pedra do que dar aquele gostinho aos fofoqueiros e invejosos. Aliás, sempre desconfio de pessoas que afirmam serem alvos da "inveja" alheia. Isso é discurso de gente insegura, mal-resolvida e influenciável. Quem se basta, quem tem certeza de seu valor como pessoa está pouco se lixando para a "inveja" e as "fofocas" da plateia. Quem muito se queixa disso quer dar uma de vítima e de superior, o que é completamente fake e ridículo. Outros padrões são identificados em gente que vive para impressionar (os famosos posers): ostentação de objetos/ roupas/ carros/ baladas/ eventos caros, a exposição de sua divertidíssima vidaloka, comportamentos infantis e autodestrutivos, indefinição em definir suas prioridades... Tudo isso é um pedido silencioso de socorro que diz: "Me acho um lixo mas tenho um celular caro, por favor, GOSTE DE MIM!"  ou "Sou semi-analfabeta mas meu marido é bem-sucedido e acabou de comprar um apartamento na Riviera, por favor, ME APROVE" ou ainda "Sou fútil e vazia mas comprei peitos de silicone novinhos, por favor, SEJA MINHA AMIGA!".

- Não tem interesses próprios: não existe nada mais digno de pena do que uma mulher sem interesses na vida. Não digo interesse financeiro e o anseio de ascender socialmente através de um casamento (é isso o que motiva muitas mulheres hoje em dia, infelizmente!), mas interesses genuínos, ou seja, vontade de crescer, de aprender, de ser uma pessoa melhor. Existem mulheres que não têm hobbies, não sabem fazer nada que presta, não sabem conversar, são apenas um belo corpo sem cérebro. Ou talvez nem tão belo assim, hehehe... Claro que os homens ficam com essas por uns tempos, mas mesmo o homem mais fútil e idiota acaba percebendo que está lidando com um pedaço de carne que vai manter a mesma mentalidade tacanha por, no mínimo, vinte ou trinta anos. Uma mulher que acha que uma bolsa cara vale mais do que uma ideia bem fundamentada em sua mente deveria nascer de novo. Todas nós gostamos de roupas, acessórios, sapatos, essas coisas de mulher. Claro, isso é natural. O problema é quando o exterior pesa mais do que interior. Isso estressa. Nenhum relacionamento se segura por causa de um belo rostinho. Por isso, e não só pra segurar um homem, as pessoas em geral deveriam cultivar o objetivo de sempre aprenderem, crescerem, refletirem. Uma mente vazia é facilmente tomada por alguém de personalidade mais forte. 

- Abre mão de suas preferências: mais triste do que alguém sem interesses próprios é alguém que abre mão daquilo que gosta para agradar ao outro. Tudo aquilo de que gostamos e de que não gostamos forma nossa identidade. Nossas vivências, experiências, lembranças, tudo faz parte de quem somos. Deixar de gostar de algo só porque o parceiro não aprova é um comportamento absolutamente imbecil. Uma pessoa que abandona seus afetos por causa de outrem é, sem tirar nem pôr, uma débil mental (parafraseando meu amado Nelson Rodrigues, hehehe). Cada um é o que é e gosta daquilo que melhor lhe aprouver. Tenha vergonha na cara, seja firme, assuma o que você é. Ninguém respeita uma pessoa frouxa.

Bem, falamos até aqui sobre algumas características que são corriqueiras em mulheres que se anulam, mulheres que se largam na mão dos outros, mulheres que servem de capacho para um homem pisar. Em breve postarei a Parte 2 deste texto. Vamos falar sobre atitudes que as mulheres subservientes frequentemente têm em relação ao abuso de seus homens.




UPDATE: Leia a Parte 2 deste texto aqui.