quarta-feira, 10 de julho de 2013

Só o Presente é real - O FUTURO NÃO EXISTE!

Quanto do seu tempo você gasta relembrando os bons tempos, sentindo falta de pessoas/situações que já se foram, que já não estão mais aqui? E quanto do seu tempo você gasta planejando coisas que ainda virão, imaginando como você será feliz e realizado quando obtiver aquele carro/casa/emprego/relacionamento? Quanta vida você gasta se recordando do Passado e/ou imaginando o Futuro?



Você é daquelas pessoas que vivem ansiosas, impacientes, infelizes com a situação atual, sempre achando que a felicidade está ali na frente, logo além do arco-íris? Imaginar, projetar, calcular, planejar as coisas é uma conduta saudável, claro, afinal uma vida sem metas é como um trem desgovernado. Se você quer chegar em Catanduva, deve pegar a estrada que leva até lá, certo? Sim, é evidente. Mas você concorda que a realização de QUALQUER meta futura começa no presente? Se você quer conseguir algo, tem que começar a agir hoje, AGORA. O problema é quando o indivíduo coloca TODAS as suas expectativas no Futuro, ignorando o Presente e vivendo a toque de caixa. Por que isso acontece?

Às vezes, uma pessoa está extremamente infeliz com sua vida atual. A insatisfação com a rotina/trabalho/relacionamento/estado de hoje faz com que a pessoa se recolha em si mesma e escape em direção a um tempo mais agradável e acolhedor. É por isso que muita gente vive no Passado ou no Futuro, ou então utiliza outras ferramentas (álcool, drogas, comida, consumismo) para maquiar a infelicidade do Presente. Acontece que o que você tem hoje é o resultado de suas ações do Passado, concorda? Se hoje você se encontra num dado cenário, é claro que tomou medidas lá atrás que o trouxeram até aqui. Raciocinando dessa maneira, o que você faz agora vai te conduzir ao seu Futuro. 

Mas e se esse Futuro não chegar?
A Morte é a única certeza da vida. A ÚNICA coisa que podemos crer com 100% de certeza que VAI acontecer é nosso desligamento total. Porém, você sabe quando você vai morrer? Não? Eu também não sei. Sendo assim, não parece razoável apostar TODAS as fichas no futuro, parece? Não seria mais sábio viver o prazer, a alegria, a felicidade e o contentamento de HOJE? Não seria melhor ajustar seus objetivos, ter mais flexibilidade com as coisas/situações/pessoas atuais a fim de ter uma vivência mais saudável e tranquila?

Desde pequenos somos submetidos à uma pressão social insana. Fizeram uma programação para a nossa vida, você percebe? Você TEM que nascer, crescer, se formar, se casar, ter filhos, se sacrificar para criar seus filhos, envelhecer, adoecer e morrer. Essa é a programação que fizeram e nós temos que seguir, certo? Quantas e quantas vezes você já fez uma coisa só porque TODO MUNDO faz? Só porque era aquilo que a sociedade esperava de você? Quantas vezes você se mutilou/se mutila para manter situações/empregos/relacionamentos insatisfatórios SÓ PORQUE é aquilo que você deve fazer para contentar a platéia? Aí a sua vida vai passando, você vai perdendo seu tempo, sua juventude, sua vontade de viver e acorda um dia percebendo que o desânimo tomou conta da sua mente e do seu coração. Você percebe que não existe mais viço, mais alegria, mais espontaneidade... somente obrigação. Vale a pena viver assim? Você quer MESMO ser um robozinho do sistema?

Quanto você se infecta com a ansiedade do outro? Quanto você vive para contentar o mundo?  Quanto você permite que os outros projetem suas ansiedades, frustrações e desilusões na sua pessoa?

Excesso de ansiedade em relação ao Futuro cria um mundo de neuroses. Insônia, gastrite, dores nas costas, enxaquecas, enfim, um monte de doenças geradas dentro de nossa própria mente. Você tem mesmo que se casar até os 30 anos? É realmente necessário ter filhos? É de suma importância ter um celular carésimo?  Você tem que se lascar naquele emprego que você odeia? Você tem que viver infeliz só pra não abrir mão do conforto que conquistou? Você tem que engolir tudo aquilo que o sistema planejou para você?

O que você vai jantar na próxima segunda-feira? Você já planejou? É realmente necessário planejar tudinho,   neuroticamente?

A melhor forma de ignorar a ansiedade alheia em relação à nossa vida é fazer ouvidos moucos. Palavras ocas, ouvidos moucos, lembra? Não se deixe influenciar por pessoas apavoradas, negativas, preocupadas, pessimistas e medrosas. Viva o Presente de maneira plena, elegante, coerente. Claro que isso não significa deixar o Futuro ao Deus-dará, né? Temos que ter um certo planejamento, temos que ter metas e objetivos para crescermos na vida e realizarmos coisas úteis. Isso é lógico. Mas sempre devemos ter um Plano B, devemos ser flexíveis quanto ao que vem pela frente. E se o Futuro não chegar? Você vai mesmo desperdiçar seu Presente contando com coisas que podem simplesmente não acontecer?

Lembre-se: 
- Nosso passado não foi perdido, todos tivemos grandes tentativas de acerto. Tudo o que vivemos até agora nos serve de experiência, portanto, nada do que vivemos foi em vão. A pessoa que você é hoje deriva daquilo que você viveu, isso é fato. Tudo é aprendizado;
- A realização das nossas metas começa HOJE. Cada atitude de agora influi no resultado final, ajuda a construir nosso Futuro. Se você continuar fazendo as mesmas coisas, obterá os mesmos resultados. Se você não está feliz hoje com sua vida/situação/relacionamento/vivência, trate de mudar. As coisas NÃO VÃO melhorar se tudo continuar na mesma;
- Viver o Presente é fundamental. O Passado já passou e o Futuro pode não chegar. Equilibre suas expectativas e viva no plano REAL, não no imaginário. Não desperdice sua vida!

Indico um vídeo excelente do Dr. Gikovate que trata dessa temática, assista aqui.

Efeito Borboleta (Butterfly Effect) é o melhor filme que já vi que trata da temática passado/presente/futuro. Cada pequenina ação de hoje pode influir muito nos resultados de amanhã. Super recomendo!

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Você é você mesmo?

Quando éramos pequenos, nossas mães costumavam nos dizer: "Mentir é feio, não se deve esconder a verdade!" Lembra disso? E quando fazíamos algo errado: "Que coisa mais feia, você não pode responder pra mamãe, não pode ser assim!"... A grande verdade é que nossos pais (principalmente nossa mãe), nossos parentes, a escola, a sociedade em geral molda nossa personalidade ao longo de nosso processo de crescimento e amadurecimento. Aprendemos regras de conduta, de educação, temos noções básicas do que é ser bom (ou mau) caráter, somos expostos a modelos do que é ser "bem-sucedido". Aos poucos vamos nos moldando, entrando no sistema, ficando no "padrão" esperado por todos. Até que ponto isso é bom? Até que ponto isso é ruim?

Na infância, somos controlados por nossos pais e professores, e não costumamos questionar muito a autoridade nem o teor das ordens que recebemos (claro que existem crianças "da pá virada", mas são exceções, hehehe). É na adolescência que firmamos nossa personalidade, nossos gostos, nossas preferências, nossas reações perante tudo aquilo que observamos e experimentamos. Compreendemos que não somos uma extensão de nossos pais, nos reconhecemos seres únicos, indivíduos, e iniciamos um processo de emancipação. Escolhemos uma carreira e seguimos em frente, rumo à vida adulta. Chegamos a essa fase e somos obrigados a lidar com muitas frustrações. A vida adulta exige de nós sacrifícios incríveis! Somos obrigados a vestir uma máscara social muitas vezes apertada e incômoda a fim de garantir nossa sobrevivência. Vamos dançando conforme a música, aprendemos a agir de acordo com aquilo que esperam de nós e vamos nos largando, nos despersonalizando, nos mutilando inconscientemente dia após dia. A vida é assim mesmo? Tem que ser assim? Quem disse?




Obviamente as máscaras sociais são úteis, necessárias e altamente recomendadas em certos ambientes e situações. Não dá para ser supersincero o tempo todo, falando tudo o que pensamos sobre as coisas e pessoas, magoando e ofendendo os outros sem nenhum tipo de filtro. Isso não é sinceridade, é falta de noção. Não podemos viver do jeito que quisermos, desrespeitando a lei ou as normas sociais, sem nos importarmos com o andamento pacífico da sociedade. Imagine se você pudesse agir da forma que julgasse adequada em seu trabalho, por exemplo. Se não houvesse nenhum tipo de freio, de filtro, as pessoas iriam se degladiar diariamente, não iriam? É preciso usar as máscaras sociais, isso é fato. O grande problema é quando essas máscaras se adaptam totalmente ao seu rosto e SE TORNAM, efetivamente, sua personalidade automática. Como isso pode acontecer?

Bem, vamos supor que você seja super inteligente e criativo e, a fim de manter seu emprego, você tem que fingir ser um pouco mais limitado intelectualmente. Vamos supor, nesse contexto, que você tenha um chefe ou superior direto que possui uma inteligência rudimentar e que se sente ressentido pelas suas qualidades. O que você faz? Você se nivela por baixo. Você tem um rendimento aquém do que deveria para não perder seu emprego, sua fonte de renda. Isso é válido? Sim, se o salário for o ponto mais importante para você. Mas se você for uma pessoa que preza pela satisfação, pela alegria de executar um trabalho bem feito, aos poucos começará a se sentir tolhido, amarrado, ressentido e, por fim, revoltado. Daí vêm o stress, as doenças, a raiva, a vontade de dar uma bica em tudo. O problema não é o burro do seu chefe, o problema não é a crise do país, o problema não é o trânsito que você pega todo dia para chegar ao serviço. O problema é que você está reprimindo sua verdadeira personalidade, está vivendo um personagem que não é você!

Coisas piores acontecem em relacionamentos pessoais. Quando a gente se apaixona, tudo são flores. Com os óculos da paixão, enxergamos o outro como a perfeição absoluta que encarnou na Terra. É ou não é? Daí nos casamos, assumimos compromissos, prometemos mundos e fundos para aquela pessoa. O tempo passa e você percebe que aquele ser não tem muito a ver com você. Vocês não gostam das mesmas coisas, não têm o mesmo tipo de humor, não compartilham dos mesmos interesses, não enxergam questões importantes (expressão da sexualidade, modo de gastar dinheiro, objetivos a longo prazo, religião, relação com a família, etc) da mesma maneira. Aos poucos, você se sente frustrado por ter se "amarrado" com aquele indivíduo. Você ou o outro pode até tentar mudar, fazer um "ajustamento" para evitar brigas e discussões, fazer pequenas concessões para melhorar a convivência. Mas, no fundo, você vai ficando com raiva, vai percebendo que não pode se expressar livremente, vai sacando que está se reprimindo para satisfazer o outro. Claro que uma hora ou outra a revolta explode! Quem aguenta viver assim? Nossos relacionamentos amorosos/ de amizade devem ser antifóbicos, devem ser aquele lugar gostoso onde tiramos as nossas máscaras e somos aceitos, amados e apreciados com todos os nossos defeitos, qualidades, tosquices e fragilidades, e não MAIS UM lugar onde precisamos vestir uma máscara qualquer. Pra quê ficar com uma pessoa que simplesmente não nos aceita como somos? Se uma pessoa não te aceita como você é, se vive te criticando, discordando de você, querendo que você mude, é óbvio que ela não te ama. Amar é aceitar o outro na plena expressão de sua individualidade!

É muito ruim você se perceber em um relacionamento onde o outro não te enxerga, não te valoriza e não te aceita pelo que você é. Já tive um relacionamento assim, e juro que não quero passar outra vez pela mesma experiência. Eu namorei um cara que era super diferente de mim na maioria das coisas. No começo, era ótimo: todo começo é uma alegria só. Com o tempo, fui percebendo que ele queria me mudar. Ele criticava minhas roupas, meu jeito de falar, minha mania de fazer brincadeiras e palhaçadas, os livros que eu lia, as música que eu ouvia, os amigos e amigas que eu tinha. Claro que as críticas começaram com pequenos comentários aqui e ali, mas em questão de meses o negócio foi ficando insuportável. Na ânsia de agradar ao outro e manter o relacionamento, fui mudando, fui me tornando uma pessoa mais "adequada" ao sonho ideal que ele tinha. Fiquei feliz com isso? Claro que não! Me tornei uma pessoa triste, amargurada, revoltada, reclamona. Tive uma crise interna bastante intensa e é claro que não aguentamos muito tempo. Pensei: "Imagina se eu tiver um filho com ele, como iremos educar essa criança? Segundo os padrões que ELE tem ou segundo os MEUS? Se não concordamos, é óbvio que isso NUNCA vai dar certo!" Com tudo isso, aprendi uma valiosa lição: sempre tento ser eu mesma, em todas as situações. Não vale a pena fingir ser outra pessoa! Nenhuma máscara se sustenta por muito tempo!

O poema "Retrato", de Cecília Meireles, mostra bem essa dinâmica de despersonalização que sofremos em um relacionamento amoroso destrutivo:


Retrato

"Eu não tinha este rosto de hoje, 
assim calmo, assim triste, assim magro, 
nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.


Eu não tinha estas mãos sem força, 
tão paradas e frias e mortas; 
eu não tinha este coração que nem se mostra. 


Eu não dei por esta mudança, 
tão simples, tão certa, tão fácil: 
Em que espelho ficou perdida a minha face?"


E qual é a solução para esse impasse?
Bom, em primeiro lugar, devemos nos conhecer. O autoconhecimento é essencial para identificarmos onde estão nossos vícios, nossas tendências, nossos limites. Quem não se conhece, nunca conseguirá delimitar até onde o outro pode entrar, onde é o limite da influência e da dominação alheia. Devemos também escolher amigos e parceiros amorosos que sejam parecidos conosco, que compartilhem afinidades com a gente, a fim de desenvolvermos relacionamentos mais íntegros, proveitosos e prazenteiros. Devemos também conhecer e aceitar nossa própria sombra. Todos temos aquele lado sombrio, perverso, que deve ser reconhecido, respeitado e trazido à tona. Ninguém é santo nem nunca será. Lidar com a própria sombra é uma das experiências mais enriquecedoras que podermos ter na vida! E achar alguém que nos veja, nos enxergue e nos respeite quando estamos sem nossas máscaras é o ápice da intimidade e da satisfação. Às vezes, casais que estão juntos há anos simplesmente não se conhecem, não têm a MENOR ideia do que realmente passa pela cabeça do outro! Tem coisa mais frustrante?

Por fim, o respeito por si próprio é fundamental. Respeite-se, aceite-se com suas qualidades e seus defeitos e tente, na medida do possível, expressar-se com integridade (sem prejudicar a si mesmo e   nem aos outros, é evidente!). Não finja ser o que não é somente pra impressionar a plateia! Ok, a família do seu parceiro espera que você seja assim ou assado? Se isso te traz angústia, não seja um mico adestrado de circo, aja de acordo com sua natureza, defenda suas convicções! Vão gostar menos de você, vão se decepcionar? Paciência! Melhor os outros se decepcionarem com você do que VOCÊ se decepcionar consigo mesmo e desenvolver uma bela de uma gastrite ou então ter que beber todos os dias para esquecer o desgosto de ser quem o mundo quis que você fosse!

Nada é eterno, a vida está em constante mudança. Tome as rédeas da sua vida e MUDE! Seja você mesmo, sempre!


Torna-te quem tu és!

(Friedrich Nietzsche)