sexta-feira, 9 de setembro de 2011

A hora certa de desistir

Será que vale a pena lutar por algo que visivelmente não vai dar certo?

Bem, vamos analisar primeiro o que é perseverar e o que é desistir.
Perseverar é acreditar muito que uma coisa vai dar certo. É insistir, lutar, fazer de tudo para que uma situação melhore ou para que um projeto dê certo. As pessoas guerreiras, determinadas, insistem muito para ver seus objetivos acontecendo. Mesmo com milhões de empecilhos, o perseverante continua sua batalha até o fim.
Desistir é largar mão de uma coisa, sem culpa nem arrependimentos. É quando a gente olha uma situação e pensa: "É, não tem mais jeito mesmo..." Desistir é jogar a toalha na lona, é recuar e focar nossa energia em algo mais promissor.

Temos uma cultura onde as pessoas sofridas, guerreiras e batalhadoras são muito valorizadas. As coisas estão mudando um pouco, mas geralmente quem sofre e se sacrifica é visto como um herói. Todos aplaudem aquela pessoa que se mata de trabalhar, que apanha do marido durante 30 anos mas não desmancha o casamento, que passa necessidades mas não pensa em mudar de emprego ou de ramo. E o mártir, o "guerreiro" da situação, comumente se sente orgulhoso por apanhar tanto da vida. Mostra suas feridas e cicatrizes com orgulho, com carinho. Será que isso é certo?

Lutar por um objetivo plausível, ser determinado e decidido são características fenomenais em qualquer pessoa. Tudo o que fizermos na vida terá suas dificuldades peculiares, e um pouco de perseverança e esperança é altamente saudável. Uma pessoa que desiste facilmente é fraca, inconstante, e vai passar toda uma existência pulando de galho em galho sem construir nada de produtivo. Porém, ser cabeça dura e não saber desistir de projetos falidos é sinal de burrice, teimosia e ignorância. Tudo tem um limite. Se você já se esforçou, já deu o melhor de si, já se empenhou em uma causa ou projeto e não teve o resultado esperado, simplesmente desista! Gastar tempo e energia em algo que não é pra você é um enorme engano. Seja realista, enxergue as coisas como elas são, pare de querer ser um super herói. Na vida, existem coisas que dão certo, e existem coisas que não dão. Ponto. Você não será um fracassado se desistir de algo que está lhe consumindo. Lembre-se: VOCÊ vem em primeiro lugar, não se importe com o que os outros vão dizer. Cada um sabe onde lhe aperta o sapato, não é mesmo? Pense no seu bem estar, não na opinião do povo!



Quando falamos em esperança, perseverança e conquistas, pensamos também em relacionamentos pessoais. Existem indivíduos que insistem obsessivamente em manter uma relação que já acabou faz tempo. Ou então querem conquistar alguém totalmente diferente de si. Minha gente, não adianta, ninguém muda ninguém! Claro que no começo do relacionamento o outro pode fingir ter qualidades que você aprecia somente com o intuito de ser aceito, mas não existe mentira que dure pra sempre. Cada um é o que é e não muda, de jeito nenhum. Manter um relacionamento falido só por medo da solidão é uma tremenda bobagem, o mundo está cheio de gente legal e do bem. Pare de gastar energia com pessoas que não valem a pena!


As gerações anteriores tinham esse negócio de fazer as coisas durarem para sempre. Os eletrodomésticos eram eternos, e era uma honra se aposentar no primeiro emprego, trabalhar 40 anos na mesma empresa! Manter um casamento por mais de 30 anos então, oh! que maravilha! (mesmo com adultério, violência, falta de respeito e de amor). Hoje em dia o mundo mudou, nossa geração entende que as aparências não importam tanto assim, e se você tiver 3 geladeiras durante a vida não estará cometendo nenhuma heresia. As coisas podem dar certo ou não, e você não deve ficar se culpando por causa disso. As coisas não são eternas, o mundo anda pra frente!

Quando algo está muito enrolado, desista. Principalmente se o assunto for relacionamentos pessoais. Tenha a consciência de que você não vai mudar ninguém, e pare de querer ser Deus. A gente faz o que dá pra fazer, e, se não deu certo, paciência! Só não se condene a viver ao lado de uma pessoa que não está nem aí pra você, que não se esforça nem um pouquinho pra te agradar, que vive exigindo, pedindo, cobrando, enfim, podando o seu jeito de ser. Não se machuque para manter um relacionamento. Respeite-se! Tenha amor por si mesmo!



Lembre-se:
* Ninguém muda ninguém. Conforme-se e pare de se iludir achando que você tem o poder de mudar o outro;
* Tem coisas que não são para nós. Quando a situação é muito enrolada, caia fora;
* As coisas podem dar certo, ou não. Desistir não é sinal de fracasso, mas sim de inteligência e amor próprio;
* Não fique com alguém insuportável só para não ficar sozinho. Você merece mais, não se contente com menos!




domingo, 4 de setembro de 2011

O canalha (Nelson Rodrigues)

Quando soube que a noiva tinha viajado de lotação com o Dudu, sentada no mesmo banco, pôs as mãos na cabeça:
- Com o Dudu?
E ela:
- Com o Dudu, sim.
As duas mãos enfiadas nos bolsos, andando de um lado pa­ra outro, ele estaca, finalmente, diante da pequena:
- Olha, Cleonice, vou te pedir um favor de mãe pra fi­lho. Pode ser?
- Claro.
Puxa um cigarro:
- É o seguinte: de hoje em diante, ouviu?, de hoje em diante, tu vais negar o cumprimento ao Dudu.
Admirou-se:
- Por que, meu anjo?
Ele explicou:
- Porque o Dudu é um cínico, um crápula, um canalha abjeto. Um sujeito que não respeita nem poste e que é capaz até de dar em cima de uma cunhada. O simples cumprimento de Dudu basta para contaminar uma mulher. Percebeste?
- Percebi.
Ainda excitado, ele enxuga com o lenço o suor da testa:
- Pois é.
Passou. Mas a verdade é que Cleonice ficou impressionadíssima. Dava-se com o Dudu, sem intimidade, mas cordialmen­te. Dançara com ele umas duas ou três vezes. Mas como o Du­du fosse fisicamente simpático e educadíssimo, Cleonice guar­dara dos seus contatos acidentais uma boa impressão. Caiu das nuvens ao saber que ele era capaz de "dar em cima de uma cunhada". Teria, porém, esquecido. Voltando à carga, sentado com a noiva num banco de jardim público, ele começa:
- Meu anjo, tu sabes que eu não tenho ciúmes. Não sabes?
- Sei.
Pigarreia:
- Só tenho ciúmes de uma pessoa: o Dudu. E nunca te es­queças: é um canalha, talvez o único canalha vivo do Brasil. To­do mundo tem defeitos e qualidades. Mas o Dudu só tem defeitos.
Inexperiente da vida e dos homens, ela fazia espanto:
- Mas isso é verdade? Batata?
Exagerou:
- Batatíssima! Quero ser mico de circo se estou mentin­do! - E repetia, num furor terrível e inofensivo: - Indigno de entrar numa casa de família!

OBSESSÃO

Então, sem querer, sem sentir, Lima foi fazendo do Dudu o grande e absorvente personagem de suas conversas. Argumen­tava:
- Você é muito boba, muito inocente, nunca teve outro namorado senão eu. Queres um exemplo? Sou teu noivo, vou casar contigo. Muito bem. O que é que houve entre nós dois? Uns beijinhos, só. É ou não é?
Impressionada, admitiu:
- Lógico!
Lima continua:
- Figuremos a seguinte hipótese: que, em vez de mim, fos­se teu namorado o Dudu. Tu pensas que ele ia te respeitar co­mo eu te respeito? Duvido! Duvido! Dudu não tem sentimento de família, de nada! É uma besta-fera, uma hiena, um chacal!
Crispando-se, Cleonice suspira: "Parece impossível que existam homens assim". Lima prossegue: "Vou te dizer uma coi­sa mais: o Dudu olha para uma mulher como se a despisse men­talmente!".

A FESTA

Dias depois, Cleonice está conversando com umas coleguinhas quando alguém fala do Dudu. Então, ela olha para os lados e baixa a voz: "Ouvi dizer que o Dudu deu em cima de uma cunhada!". Uma das presentes, que conhecia o rapaz, a família do rapaz, protesta: "Mas o Dudu nem tem cunhada!". Mais tar­de a espantadíssima Cleonice interpela o Lima. Ele não se dá por achado:
- Eu não disse que o Dudu deu em cima de uma cunha­da. Eu disse que "daria" caso tivesse. Você entendeu mal.
Mais alguns dias e os dois vão a uma festa, em casa de famí­lia. Entram e têm, imediatamente, o choque: Dudu estava lá! Jun­to de uma janela, com o seu bonito perfil, fumando de piteira, pálido e fatal, atraía todas as atenções. Lima aperta o braço da noiva. Diz, entredentes: "Vamos embora". Ela, espantada, per­gunta: "Por quê?". O noivo a arrasta:
- O Dudu está aí. E não convém, ouviu? Não convém! Imagina se ele tem o atrevimento de te tirar para dançar. Deus me livre!

O MEDO

Na volta da festa, Cleonice faz, pela primeira vez, um co­mentário irritado:
- Fala menos nesse Dudu! Sabe que eu só penso nele? Te digo mais: tenho medo!
Lima estaca: "Medo de que e por que, ora essa?". Ela pare­ce confusa:
- Essas coisas impressionam uma mulher. - E repete o apelo: - Não fala mais nesse cara! É um favor que te peço!
Ele obstinou-se: "Falo, sim, como não? Você precisa olhar o Dudu como um verme!". Cleonice suspirou:
- Você sabe o que faz!

ÓDIO

Corria o tempo. Todos os dias, o Lima aparecia com uma novidade: "Vi aquela besta com outra!". E se havia uma coisa que doesse nele, como uma ofensa pessoal, era a escandalosa sorte do "canalha" com as outras mulheres. Nos seus desaba­fos com a noiva, Lima exagerava: "Cheio de pequenas! Tem na­moradas em todos os bairros!". Um dia, explodiu:
- Vocês, mulheres, parece que gostam dos canalhas! Por exemplo: o meu caso. Sem falsa modéstia, sou um sujeito decente, respeitador e outros bichos. Pois bem. Não arranjava pe­quena nenhuma. Até hoje não compreendo como você gostou de mim, fez fé comigo e me preferiu ao Dudu. - Pausa e baixa a voz, na confissão envergonhada: - Porque o Dudu me tirou todas as outras namoradas, uma por uma.
Era essa, com efeito, a origem do seu ódio por Dudu, do despeito que o envenenava.

AS BODAS

Chega o dia do casamento. Poucos minutos antes da ceri­mônia civil, Lima, transfigurado, ainda diz ao ouvido da noiva: "O Dudu roubou todas as minhas pequenas, menos você!". Pois bem. Casam-se no civil e, mais tarde, no religioso. Quase à meia-noite, estão os dois sozinhos, face a face, no apartamento que seria a nova residência. Ele, nervosíssimo, baixa a voz e pede: "Um beijo!". Ela, porém, foge com o rosto: "Não!". Lima não entende. Cleonice continua:
- Falaste tanto e tão mal do Dudu que eu me apaixonei por ele. Eu não trairei o homem que eu amo nem com o meu marido.
Lima compreendeu que a perdera. Sem uma palavra deixa o quarto nupcial. De pijama e chinelos veio para a porta da rua. Senta-se no meio-fio e põe-se a chorar.
(Nelson Rodrigues) 






sexta-feira, 2 de setembro de 2011

O idiota e a moeda


Conta-se que numa cidade do interior um grupo de pessoas se divertia com o idiota da aldeia. Um pobre coitado, de pouca inteligência, vivia de pequenos biscates e esmolas.
Diariamente eles chamavam o idiota ao bar onde se reuniam e ofereciam a ele a escolha entre duas moedas: uma grande de 400 RÉIS e outra menor de 2.000 RÉIS. Ele sempre escolhia a menos valiosa, o que era motivo de risos para todos.
Certo dia, um dos membros do grupo chamou-o e lhe perguntou se ainda não havia percebido que a moeda maior valia menos.
- "Eu sei", respondeu o tolo. "Ela vale cinco vezes menos, mas no dia que eu escolher a outra, a brincadeira acaba e não vou mais ganhar minha moeda”.

Podem-se tirar várias conclusões dessa pequena narrativa.

A primeira: Quem parece idiota, nem sempre é.
A segunda: Quais eram os verdadeiros idiotas da história?
A terceira: Se você for ganancioso, acaba estragando sua fonte de renda.
Mas a conclusão mais interessante é: A percepção de que podemos estar bem, mesmo quando os outros não têm uma boa opinião a nosso respeito.
Portanto, o que importa não é o que pensam de nós, mas sim, quem realmente somos.
O maior prazer de um homem inteligente é bancar o idiota diante de um idiota que banca o inteligente.
Preocupe-se mais com sua consciência do que com sua reputação.
Porque sua consciência é o que você é, e sua reputação é o que os outros pensam de você. E o que os outros pensam... é problema deles.
(Autor desconhecido)




quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Resenha: Almas Desesperadas

Desde a adolescência, sou uma grande fã dos filmes clássicos. E, claro, também sou fã da diva das divas, Marilyn Monroe. Nesta semana eu estava em uma loja, quando de repente me deparei com o DVD do filme Almas Desesperadas (EUA, Don't bother to knock, 1952) a preço de banana (R$ 16,99). Lógico que comprei!! hehehe




Veja a sinopse:
"Em Almas Desesperadas, seu primeiro papel dramático, Marilyn está assustadora e provocante, no papel de uma bela, mas perturbada garota que fará qualquer coisa para impedir que uma criança chorona interrompa seu romance....uma atração muito perigosa como a garota solitária do Quarto 809!"




Realmente, o filme é MUITO bom!! É uma história de suspense, e Marilyn fez papel de louca super bem! Estamos acostumados a ver a diva das divas em papéis inocentes, fazendo caras e bocas e sempre planejando conquistar um milionário. Este personagem é bastante diferente dos outros, e Monroe pôde mostrar toda sua capacidade como atriz dramática. Adorei!
O filme é em preto e branco, e é super curto (76 minutos). Muito bom mesmo, é um clássico que vale a pena ser visto!