domingo, 1 de setembro de 2013

O que Forrest Gump pode nos ensinar sobre a vida

Recentemente assisti a um filme que fez um imenso sucesso nos anos 90: Forrest Gump, estrelado pelo talentosíssimo Tom Hanks e vencedor de 6 Oscars, merecidamente. Eu já havia visto este filme antes, já havia visto alguns pedaços separadamente ao longo dos anos, mas desta vez me sentei pra assistir de verdade, prestando bastante atenção aos detalhes. E como nosso olhar muda com o passar do tempo, pude perceber várias coisinhas que não havia notado antes.



Forrest é um menino diferente. Ele tem um QI considerado abaixo da média e por isso é mais lento do que as outras crianças. Além disso, tem um problema de coluna que o obriga a usar um aparelho corretivo para as pernas. Claro que isso é motivo para gozações por parte de todos. Na escola Forrest conhece Jenny, sua melhor amiga e grande amor. Ambos crescem e seguem suas vidas, e Forrest participa de vários eventos importantes da história dos EUA. No final, Forrest e Jenny têm um filho. Jenny morre com o vírus da AIDS e Forrest cria a criança sozinho.

Run, Forrest, Run!!!

 
Muito bem, a ideia deste post não é falar da trama do filme, mas sim das mensagens implícitas na história. Um filme ou obra de arte em geral não tem somente aquele significado óbvio, lógico e totalmente explícito. Tudo tem várias camadas de significado, camadas estas que são interpretadas segundo a experiência de mundo de quem assiste. Cada um vai ver as coisas de uma maneira personalizada, particular. Essa é a grande beleza da Arte: ela possibilita diversas interpretações daquilo que parece óbvio à primeira vista.
Dito isso, comecemos:

Pra mim, a mãe de Forrest é um personagem muito expressivo. Ela era uma mulher forte, decidida, esperta. Acreditava na capacidade do filho, mesmo ele sendo inferiorizado pelos outros. Insistiu para que o protagonista estudasse em um colégio regular, junto com as outras crianças consideradas "normais" e, no final das contas, foi isso o que fez a grande diferença na vida do garoto. Se ele não tivesse estudado em um colégio comum, não teria entrando pro time de futebol americano e não teria estudado em uma Universidade. E é incrível o quanto esta mulher influenciou o filho, pois durante o filme todo, ele fazia menção à ela, dizendo: "Mamãe dizia isso, mamãe dizia aquilo..." Achei um personagem de peso, talvez porque esta mulher tão admirável me pareceu bastante familiar. Digo isso porque vi muito da minha mãe nela. Minha mãe teve, durante a vida toda, diversos problemas de saúde, mas nunca se deixou abalar nem nunca usou isso como muleta para não fazer as coisas ou para manipular os outros.

Outra parte do filme que me comoveu bastante foi quando Jenny foi visitar Forrest e depois de ficar com ele por uma noite, o abandonou. Para amenizar seu desgosto, Forrest começou a correr por todo o território dos Estados Unidos e permaneceu correndo sem parar por 3 anos e meio. Exatamente como fazemos quando temos alguma decepção muito grande, especialmente amorosa. Nesses casos, temos duas opções: ou paramos tudo e nos entregamos à depressão, ou nos levantamos e corremos, corremos, o máximo que aguentamos, a fim de deixar o passado pra trás. Achei uma metáfora fortíssima e também me identifiquei. Quem é que nunca correu sem olhar pra trás a fim de se livrar de um sofrimento emocional muito grande? Achei fantástica a sacada!




Uma outra coisa que achei muito legal foi Forrest ser um personagem bastante honesto e puro de coração. Num mundo onde o ato de levar vantagem sobre os outros está tão em voga, Forrest, apesar de ser limitado intelectualmente, é um homem puro, honesto, gentil, amigo, humilde, dedicado, esforçado. Você percebeu que ele nunca focava em suas limitações, mas sim naquilo que fazia de melhor? O fato de correr rápido o favoreceu em muitos momentos de sua trajetória, sem dúvida. Ele sempre se dedicava muito ao que estava fazendo no momento, seja como atleta de futebol americano, seja no exército, seja como pescador de camarões, seja como jogador de ping pong. E é muito válida a sua postura no final do filme. Ele já era um milionário e mesmo assim continuava morando na casa que herdou de sua família, sem ostentação, sem luxos desnecessários. Ele mesmo afirmou gostar de trabalhar cortando grama em sua cidade natal e que não pedia nem salário, já que era rico. Que diferença dos milionários que gozam de um alto QI, hein?



Algumas frases desse personagem incrível me chamaram bastante a atenção. Vejamos:

"Eu não sou esperto, mas sei o que é amar."
Forrest diz isso à Jenny quando ela se recusa a se casar com ele. É comovente esta frase porque mostra que o personagem tem consciência de suas limitações e sofre em consequência disso. Eu penso que saber amar não tem nada a ver com cultura, inteligência ou erudição. Conheço pessoas inteligentíssimas que não têm o menor controle emocional. Forrest mostra que a capacidade de amar transcende muito os atributos intelectuais de alguém.

"Mamãe dizia que a vida é como uma caixa de bombons, nunca se sabe o que vai encontrar."
Esta frase é muito sábia. A vida é bem assim mesmo: uma caixa de bombons, com opções que você adora, outras que você gosta moderadamente e algumas que você detesta. A gente nunca sabe o que vem pela frente. Tudo pode acontecer nessa vida e talvez essa seja a grande beleza de viver. Se tudo estivesse definido e planejado, nossa jornada terrena seria uma chatice sem fim.

"Idiota é quem faz idiotices."
Isso é fato. Idiota não é quem DIZ idiotices, mas quem as FAZ. As pessoas deveriam ser julgadas por suas ações, não por suas palavras.

Enfim, Forrest Gump é um filme que merece ser revisitado diversas vezes. O trabalho do ator Tom Hanks foi impecável. Brilhante! E para terminar, vou deixar aqui uma citação que resume bem a ideia do filme:

“Eu não sei se mamãe está certa, ou se o Tenente Dan é que está. Não sei se cada um tem um destino ou se só flutuamos sem rumo, como numa brisa... mas acho que talvez sejam ambas as coisas. Talvez as duas coisas aconteçam ao mesmo tempo.”
(Texto: Ligia Guelfi)

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