domingo, 6 de outubro de 2013

Religião não se discute?

Há alguns dias estive presente na festinha de aniversário de uma amiga minha e lá conheci dois jovens rapazes. Ambos eram bastante inteligentes e cultos e, contrariando todas as expectativas de conversas adequadas para o gênero festa, começamos a ter um belíssimo papo-cabeça sobre Religião. Eu, claro, adorei a conversa e pude perceber muitas coisas nessa pequena interação com os dois desconhecidos.

Um dos rapazes era fã de Esoterismo e doutrinas orientais em geral. O outro era ateu, totalmente mental e científico. E eu, hã, eu tô no meio das duas coisas, né? Não acredito 100% em nenhuma religião ou dogma mas também não duvido 100% de nenhuma delas. Claro que com a idade e as experiências punks que a vida nos traz vamos mudando de ideia aqui e ali, mas se eu for comparar meu nível de crença ao que eu tinha há 10 anos atrás, vish... sou quase uma cética!



É incrível como a busca por explicações sobre religião, a existência de Deus e a vida em geral pode abrir nossa cabeça e nos levar a lugares inacreditáveis. Posso falar por mim, pois desde que nasci já estive em tudo quanto é tipo de religião, templo, seita e afins que vocês possam imaginar. Minha mãe tinha sérios problemas de saúde, então, desde criança, fui ensinada a tentar todas as alternativas possíveis em busca de uma solução definitiva para as mazelas da vida. Como a doença da minha mãe nunca foi diagnosticada, corremos o mundo em busca de ajuda em todos os lugares possíveis. Quando digo todos, I mean TODOS MESMO! Já estive em igreja católica, igreja evangélica tradicional, igreja evangélica moderna, rosacruz, centro de candomblé, centro de umbanda, centro kardecista, seicho-no-ie, budismo, igreja messiânica, escolas esotéricas (muitas!), cabala, escolas mentalistas, escolas reikianas, enfim, everywhere. Até hoje só não fui no Santo Daime, mas confesso que tenho muita curiosidade de saber como é! rs

E o que ganhei com isso?
Bem, na minha opinião, olhar as religiões com a mente aberta fez toda a diferença na minha vida. Hoje em dia discuto a respeito do assunto tranquilamente, sem me sentir atacada em minhas crenças quando alguém apresenta um argumento convincente e, principalmente, sem sentir medo, culpa ou vergonha. Com um leque tão vasto de experiências filosóficas/religiosas, pude perceber que não existe verdade absoluta e que é saudável questionar, pensar, refletir, argumentar. Você não vai pro inferno se questionar os dogmas da sua religião. Deus não vai mandar uma bola de fogo ou uma nuvem de gafanhotos em cima da sua casa se você desobedecer as leis que os homens DIZEM serem ditadas pelo Todo-Poderoso. Nada de horrível vai acontecer com você se, por acaso, você perceber que não acredita em mais nada daquilo e pronto. Você é livre pra acreditar no que quiser!
As religiões em geral podem restringir muito a vida do indivíduo e podem ser um poderoso instrumento de controle e persuasão nas mãos do sistema, isso é evidente. Entretanto, elas também podem trazer muito conforto em horas difíceis. É óbvio que uma hora ou outra alguma desgraça vai acontecer na sua vida (Shit happens!) e aí você poderá se beneficiar com o conforto que uma crença religiosa pode proporcionar. Não sou contra, acho válido. Dependendo da situação, é mais aconselhável acreditar em algo e preservar nossa saúde mental do que entrar em surto ou depressão pra dar uma de durão. Sou contra a passividade, a alienação de uma vida inteira, a falta de questionamento, a aceitação conformista daquilo que colocaram em nossas cabeças. E como fugimos desse estado passivo e inanimado de vida? Discutindo religião, oras! Pesquisando, indo aos lugares, observando, aprendendo. Se você começar a pesquisar com a mente aberta, com olhar científico, vai perceber que todas as religiões têm mais ou menos a mesma mensagem. Vai notar muitos pontos em comum entre elas e poderá, então, escolher racionalmente a que melhor lhe agrada. Ou então não escolher nenhuma, como é o meu caso. Qual o problema? Nenhum! Nada de terrível vai lhe acontecer se você não tiver uma religião oficial para apresentar à sociedade como sendo sua escolha principal.

E as escolas de esoterismo?
Posso dizer que tenho uma vasta experiência nesse ramo também. Desde os 12 anos estudei muitas linhas de magia e esoterismo e afirmo: a cultura e o conhecimento que você obtém com esse tipo de estudo é impressionante. Estudei, por muitos anos, tarot, astrologia, runas, i-ching, búzios, numerologia, quiromancia, magia branca, magia natural, alta magia, magia cabalística. Aprendi muitas coisas? Certamente. Só de pensar que tive acesso às noções de Inconsciente Coletivo, Arquétipos e Sombra de Jung aos 13, 14 anos, nossa... chega a ser absurdo! Eu jamais teria acesso a essas informações por outras vias. Valeu muito a pena! Hoje em dia acredito nessas coisas? Pouco, muito pouco. Por quê? Porque a experiência e a própria continuação de meus estudos me levaram a concluir que isso tudo não é 100% correto ou verdadeiro. Tá vendo? Se eu nunca tivesse duvidado das minhas próprias convicções, não teria mudado de ideia e permaneceria anos e anos e anos com as mesmas ideias. Se você não pensar com a sua cabeça, alguém vai pensar por você e aí sim o negócio vai ficar feio. Você quer ser um fantoche ou um ser pensante? A escolha é sua!

Confesso que adorei discutir sobre religião com meus novos amigos. Tudo com muito respeito, com muita cautela. Temos que tomar muito cuidado com os fanáticos. Percebi, ao longo dos anos, que quanto menor a qualidade e o volume de informação e cultura de uma pessoa, mais fanática e vulnerável a críticas ela se torna. Se a pessoa tem um pouco mais de conhecimento, ela não vai se persignar e se ofender com um comentário seu. Aquele tipo de pessoa que faz cara de horror e chama  o nome de Deus ou Jesus quando ouve um argumento mais forte não serve para participar de um debate. Essas pessoas já estão com a mente feita, não vão se abrir para nenhuma informação nova. E sabe qual é o melhor tipo de interlocutor para um debate religioso? Aquele que não quer te catequizar nem te convencer de que a fé dele é a certa.

Conclusão: devemos discutir religião SIM! Esse tipo de discussão nos faz pensar, nos faz mudar de ideia (ou então reforçar nossas conclusões anteriores). Vale muito a pena e ninguém vai ser castigado por causa disso. Go ahead! Think for yourself!

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