é tão pouco no fundo
porque no fundo é tudo,
como um cachorro que passa, uma colina,
essas coisas de nada, cotidianas,
espiga, cabeleira e dois torrões
o odor de teu corpo,
o que diz de qualquer coisa,
comigo ou contra mim,
tudo isso é tão pouco,
e quero tudo isso de vós porque te quero.
Que olhes para além de mim,
que me ames com violenta prescindência
da manhã, que o grito
de sua entrega se lance
na cara de um chefe de repartição,
e que o prazer que juntos inventamos
seja outro signo da liberdade.
(Julio Cortázar)
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