quinta-feira, 25 de abril de 2013

Qual o valor do dinheiro?

Hoje ouvi uma frase que me deixou em choque. Conversando com uma pessoa, falando sobre a opressão sofrida nos empregos atualmente, ouvi  o seguinte relato: "Odeio meu emprego. Detesto! Se eu pudesse, nunca mais voltaria lá. Mas o que posso fazer? Preciso do dinheiro! SEM DINHEIRO EU NÃO SOU NADA!"
Meu Deus! Pisquei, arregalei os olhos. Tive que perguntar: "Mas como assim, sem dinheiro você não é NADA?"... a pessoa prosseguiu: "Não sou nada, preciso de dinheiro para fazer tudo aquilo que me deixa feliz!"
Não estou querendo bancar a socialista nem a ingênua, mas fiquei chocada. Sério! Pense comigo: você também acredita que, sem seus bens, seus pertences, sua segurança financeira, você não é NADA? Você também acredita não ter valor algum além daquilo que possui?
Vivemos em um mundo de ostentação. Isso é claro, evidente. As pessoas são avaliadas, julgadas e aceitas (ou rejeitadas), na maior parte das vezes, por aquilo que possuem. A profissão, o local onde trabalham, a renda, os bens, tudo isso determina o grau de "sucesso" que um indivíduo terá na sociedade em que vive. Até aí tudo bem, todos somos humanos, todos julgamos e estamos sendo julgados o tempo todo. É da raça humana o comparar-se, o projetar-se no outro. Isso faz parte da interação, da vida em sociedade, da competição natural da espécie. Todo mundo precisa de dinheiro pra viver e obviamente uma vida com abundância financeira é bem mais fácil do que uma existência repleta de restrições. O problema é quando a pessoa se mutila para ter uma vida "próspera" em dinheiro e luxos que a mídia determinou como extremamente necessários. O problema é quando você odeia seu emprego, seu trabalho, e continua nele sem pensar em sair da zona de conforto porque precisa desesperadamente do dinheiro (e dos benefícios que o mesmo lhe traz). O problema é quando você REALMENTE acredita que seu valor está naquilo que conseguiu comprar!
Na semana passada um amigo meu foi roubado. Três ladrões entraram em sua casa, de madrugada, e levaram absolutamente TUDO. Não sobrou nem uma cueca pra contar história. Levaram desde eletrodomésticos até livros e CDs. Desagradável? Certamente. Apavorante? Lógico! Ninguém, em sã consciência, gostaria de passar por uma situação dessas. Mas aí vem a questão: se você fosse roubado e levassem tudo o que tem na sua casa, o que sobraria?
Minha mãe sempre dizia que dinheiro gasto com educação é o dinheiro mais bem investido do mundo. Tudo aquilo que você aprende pode ser usado a seu favor algum dia. Não estou falando somente de conteúdo intelectual, não. Estou falando de aprender tarefas práticas, aprender a viver o dia-a-dia sem depender de ninguém. Sim, coisas chatas, tarefas domésticas, a vida em sua execução rotineira. Desde pequena fui ensinada a fazer de tudo: limpar, cozinhar, bordar, vender, falar com as pessoas, andar sozinha, enfim, tarefas que me são extremamente úteis. Por quê? Porque não dependo de ninguém para fazer as coisas que me são necessárias no dia-a-dia. Estou com fome? Preparo algo. A casa está suja? Eu limpo, não dependo da empregada. Uma roupa rasgou? Eu costuro. Entendeu a ideia? Nossa sociedade atual exige de nós um mundo de gastos desnecessários, luxos vazios que nos matamos para pagar. E é uma coisa cultural, sem a menor sombra de dúvida. Nos EUA, somente os ricos BEM ricos têm empregada em casa. Na Europa, idem. Aqui no Brasil todo mundo tem empregada, não importa o tamanho da casa. Famílias de classe média gastam horrores com supérfluos, fora a grana que a juventude desperdiça em baladas, roupas e afins. Enfim, isso é liberdade? Onde?
Conheço uma mulher que fez lipo e colocou peitos de silicone, mas não fez uma faculdade. Conheço outra cujo marido se mata de trabalhar para pagar os sapatos caríssimos que ela coleciona. Conheço um homem que mantém um casamento falido por mais de 30 anos para não ter que dividir o patrimônio conquistado com a esposa. Conheço gente que gasta um salário inteiro numa blusa ou numa bolsa para poder pagar de ryca nas fotos do Facebook. Conheço gente que foi passar 3 meses na Europa e deu calote na agência de turismo... e por aí vai. Não faltam péssimos exemplos por aí. Fomos programados a acreditar que o conteúdo externo, a aparência, vale muito mais do que o conteúdo interno, a essência.
Eu aprendi a viver tanto com pouco quanto com muito dinheiro. Já passei por diversas fases, já perdi tudo, já ganhei muito. E vi que os conselhos da minha mãe eram bastante sábios. Não acho que eu me tornaria um NADA se, por um motivo ou outro, perdesse as coisas materiais que conquistei até hoje (com muito esforço). Aprendi que é uma delícia ter dinheiro, mas não é impossível viver com a falta dele. E aprendi que a Roda da Fortuna gira, nada permanece o mesmo por muito tempo, portanto, não se apegar é fundamental.
O grande comunicador e empresário Sílvio Santos sintetizou numa frase esse pensamento: "Se um dia eu perder tudo, tenho certeza de que recupero tudo novamente." Vejam a elegância espiritual dessa citação. Não me admira que esse cara tenha construído um império! Sílvio disse esta frase há mais de 30 anos e, infelizmente, passou por muitos perrengues há um tempo atrás devido às confusões com o Banco Panamericano. Muita gente chegou a acreditar que ele perderia tudo, de fato. O Sr. Abravanel é conhecido por ser avesso à ostentação. Ele dirige o próprio carro (que, aliás, não é o carro do ano), mora numa casa até que modesta para sua renda, constituiu família, chega cedo ao SBT para trabalhar. Você realmente acha que uma pessoa assim fica muito tempo na lona? De jeito nenhum! Sílvio nasceu com a mente voltada para o sucesso!
Para terminar, deixo como sugestão o filme "Beleza Americana". Esta obra de arte (sim, Arte no sentido lato do termo) mostra claramente o quão opressor é se obrigar a ter uma vida decrépita a fim de satisfazer um padrão imposto pela sociedade. É um filme que sempre mexe muito comigo, pois, afinal, hoje pode ser nosso último dia de vida. Se você morresse amanhã, morreria satisfeito? 
"E o vento levou" também é um filme que fala muito sobre Resiliência. Não importa o que aconteça, não importa o que você perca. Sempre vai sobrar VOCÊ, apesar de tudo. Amanhã SEMPRE será um novo dia. Portanto, SEJA! Invista em si mesmo e faça a melhor poupança de sua vida!