sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Leiturinha Obrigatória: Dez chamamentos ao amigo - VIII

VIII
De luas, desatino e aguaceiro
Todas as noites que não foram tuas.
Amigos e meninos de ternura
Intocado meu rosto-pensamento
Intocado meu corpo e tão mais triste
Sempre à procura do teu corpo exato.
Livra-me de ti. Que eu reconstrua
Meus pequenos amores. A ciência
De me deixar amar
Sem amargura. E que me dêem
Enorme incoerência
De desamar, amando. E te lembrando
- Fazedor de desgosto -
Que eu te esqueça.
(Hilda Hilst)




segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

O Lobo Mau - Um famoso Psicopata

Lendo o meu divertido livrinho O Lobo Mau no Divã (veja aqui), o capítulo que descreve a Psicopatia dá como exemplo o famosíssimo Lobo Mau, velho conhecido de todos nós. O dissimulado Lobo matou dois dos três porquinhos e depois conseguiu enganar a ingênua Chapeuzinho Vermelho, mostrando-se bondoso e acolhedor, usando uma fantasia de vovozinha (a verdadeira avó de Chapeuzinho também foi assassinada pelo sádico). Contos infantis?? Sim, claro. Porém, há inúmeros psicopatas soltos pelo mundo afora, mentindo, enganando, roubando, e, claro, matando vítimas indefesas e crédulas. Veja a descrição que o livro dá a respeito do grande vilão sem caráter:

Psicopatia - Os Fatos
A palavra "psicopata" geralmente é mal empregada. Algumas vezes, é usada para descrever indivíduos dominados pela psicose, enquanto em outras ocasiões é empregada para descrever de modo genérico um assassino. Evidentemente, nem todos os indivíduos com traços psicopáticos chegam a matar, mas todos carecem de empatia e não têm nenhum sentimento de remorso quando seus atos são prejudiciais aos outros.
É importante ressaltar que nem todos os psicopatas representam um risco físico. Entretanto, é comum que aqueles que iniciam um relacionamento com uma pessoas com traços psicopáticos saiam emocionalmente abalados da experiência. A psicopatia é um distúrbio muito difícil de tratar, já que geralmente o paciente não admitirá - nem mesmo para si - que existe um problema.
No caso do Lobo Mau, a psicopatia é nitidamente perigosa e acabou resultando em morte. A maior parte dos assassinos mata apenas uma vez e por muitas razões diferentes, enquanto os assassinos em série - como o Lobo Mau e o Barba Azul - vão adquirir um gosto pelo assassinato, e sua paixão por isso vai aumentar gradativamente. Conhecemos três vítimas do Lobo, mas pode haver muitas mais. Observe-se, também, como os assassinatos progrediram para dois por dia, com a matança dos porquinhos. Também é comum que um psicopata assassino tenha um período de "resfriamento" em meio à profusão de homicídios - como é o caso do Lobo - e, então, parta para uma nova área.

Como não ser vítima de um psicopata
Use esta lista para saber se você conhece algum psicopata como o Lobo Mau. Essa pessoa em questão...
(   ) Não demonstra empatia?
(   ) Tem uma opinião elevada a respeito de si mesmo?
(   ) Mente de maneira contínua e sem remorsos?
(   ) Se comporta de maneira calculista e manipuladora?
(   ) Se comporta impulsivamente e parece incapaz de "pisar no freio" depois de estimulado?
(   ) Tem um estilo de vida parasítico, provavelmente solitário?
(   ) Infringe a lei?
(   ) Recusa-se a assumir a responsabilidade por seus atos?
(   ) É aparentemente amigável e capaz de mostrar-se sedutor?
(   ) Parece incapaz de tolerar aborrecimentos?
(Trecho retirado do livro O Lobo Mau no Divã)

Vale a pena ressaltar que os psicopatas não são pessoas sujas, mal arrumadas, com má aparência. São pessoas normais, e muitas vezes se mostram amigáveis, simpáticas, calorosas e gentis quando o intuito é conquistar a confiança de suas vítimas. Preste atenção, eles são muito amáveis quando querem. Fique com as orelhas em pé com pessoas que não têm amigos, que têm dificuldades sociais, que se dizem maltratadas, excluídas, que gostam de fazer drama e que têm facilidade extrema para a prática da mentira. Palavras doces também são um grande trunfo desses doentes, eles têm uma lábia irresistível. São mestres na arte do engodo. Quando você menos perceber sua vida estará transformada em um inferno e você estará isolado de todos os seus amigos e familiares. Cuidado!
Os Psicopatas mentem de maneira cruel e deslavada, preste redobrada atenção em pessoas mentirosas!



domingo, 25 de dezembro de 2011

Eu aprendi

EU APRENDI
que a melhor sala de aula do mundo
está aos pés de uma pessoa mais velha;
EU APRENDI
que ser gentil é mais importante do que estar certo;
EU APRENDI
que eu sempre posso fazer uma prece por alguém
quando não tenho a força para
ajudá-lo de alguma outra forma;
EU APRENDI
que não importa quanta seriedade a vida exija de você,
cada um de nós precisa de um amigo
brincalhão para se divertir junto;
EU APRENDI
que algumas vezes tudo o que precisamos
é de uma mão para segurar
e um coração para nos entender;
EU APRENDI
que deveríamos ser gratos a Deus
por não nos dar tudo que lhe pedimos;
EU APRENDI
que dinheiro não compra "classe";
EU APRENDI
que são os pequenos acontecimentos
diários que tornam a vida espetacular;
EU APRENDI
que debaixo da "casca grossa" existe uma pessoa
que deseja ser apreciada,
compreendida e amada;
EU APRENDI
que Deus não fez tudo num só dia;
o que me faz pensar que eu possa?
EU APRENDI
que ignorar os fatos não os altera;
EU APRENDI
que o AMOR, e não o TEMPO,
é que cura todas as feridas;
EU APRENDI
que cada pessoa que a gente conhece
deve ser saudada com um sorriso;
EU APRENDI
que ninguém é perfeito
até que você se apaixone por essa pessoa;
EU APRENDI
que a vida é dura, mas eu sou mais ainda;
EU APRENDI
que as oportunidades nunca são perdidas;
alguém vai aproveitar as que você perdeu.
EU APRENDI
que quando o ancoradouro se torna amargo
a felicidade vai aportar em outro lugar;
EU APRENDI
que devemos sempre ter palavras doces e gentis
pois amanhã talvez tenhamos que engoli-las;
EU APRENDI
que um sorriso é a maneira mais barata
de melhorar sua aparência;
EU APRENDI
que todos querem viver no topo da montanha,
mas toda felicidade e crescimento
ocorre quando você esta escalando-a;
EU APRENDI
Que quanto menos tempo tenho,
mais coisas consigo fazer.
(William Shakespeare)




quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Narcisismo Situacional Adquirido - Subindo no Tijolo

Lendo o divertido livro O Lobo Mau no Divã (veja aqui), me deparei com um capítulo bastante interessante sobre o distúrbio mental que acomete a Rainha de Copas, do País das Maravilhas. Lembram-se dela? Ela era uma monarca cruel, sem noção, que mandava cortar a cabeça de todos aqueles que a desafiavam ou desobedeciam. Cometia injustiças a torto e a direito, sem se importar com as consequências de seus desejos descabidos.

O Narcisismo Situacional Adquirido é um distúrbio bastante comum, e aparece em pessoas que da noite para o dia conseguem obter uma situação de destaque perante os outros: pode ser que o indivíduo subiu de cargo, arrumou um emprego melhor, começou a namorar alguém importante, ficou rico de repente ou ficou famoso e em virtude disso passou a desprezar a companhia de seus amigos, sentindo-se superior a tudo e a todos. Resumindo, é o nosso conhecido caso que gerou a expressão "Subindo no Tijolo".



Veja o que li sobre o assunto:

Narcisismo Situacional Adquirido - Os Fatos
Embora muitos traços sejam semelhante aos do Transtorno de Personalidade Narcisista, cujas raízes estão na infância, o Narcisismo Situacional Adquirido aparece, principalmente, em indivíduos que se tornaram famosos, como um cantor ou uma estrela se cinema, ou que ocupam uma posição de poder, como um político ou o diretor de uma grande empresa. Também pode afetar os milionários.

Prognóstico
Indivíduos com esse transtorno apresentam, em especial, dificuldades para ajustar-se ao envelhecimento e à perda da antiga "superioridade". As relações interpessoais são geralmente prejudicadas devido aos problemas causados pelo senso de merecimento do indivíduo, sua necessidade de admiração e sua indiferença pelos sentimentos dos outros. Isso pode deixar a pessoa sem apoio quando relações significativas se rompem, o que, por sua vez, pode levar à depressão. É pouco provável que pessoas com este transtorno procurem tratamento. Se procurarem, no entanto, alguma melhora pode ser esperada.

Você deve ter sentido algo familiar lendo essa descrição, né? Isso acontece porque todo mundo conhece alguém que já "Subiu no Tijolo". Esse tipo de conduta é muito comum em empresas, e gera comentários e a indignação dos colegas. Quem nunca conheceu alguém que puxou o tapete dos outros, se apossou do cargo alheio e depois "Subiu no Tijolo"? rsrsrs
Temos também os exemplos de artistas que viram celebridades em pouco tempo e começam a ter um comportamento excêntrico e descabido, fazendo exigências e esgotando a paciência dos outros. É a famosa "Síndrome de Estrela".

O livro disponibiliza um questionário para facilitar o "diagnóstico":
Você já encontrou uma Rainha de Copas?
Alguém que você conhece sofre de delírios de grandeza?
A pessoa em questão...

(   ) Ficou muito famosa?
(   ) Adquiriu fortuna ou uma posição de poder?
(   ) Perdeu a habilidade de demonstrar empatia?
(   ) Começou a se comportar de uma forma grandiloquente e a apresentar uma vaidade exagerada?
(   ) Começou a se comportar de uma maneira que poderia ser descrita como destrutiva, escandalosa ou tola?
(   ) Tornou-se excessivamente autocentrada?
(   ) Mostrou necessidade de ouvir o quanto é maravilhosa?
(   ) Desconsiderou as normas sociais?
(   ) Pareceu acreditar em sua onipotência?
(   ) Cercou-se de pessoas que repetem a frase "sim, senhor"?
(   ) Entregou-se a comportamentos de risco?

Claro que um diagnóstico preciso só poderá ser feito por um profissional, mas essas dicas nos ajudam a identificar o comportamento do "metido" e a nos afastarmos de sua presença nefasta!
Ah! Outro detalhe:
Se se tratar de um ardiloso psicopata, ele subirá no tijolo, naturalmente, porém esconderá a ostentação atrás de uma máscara de humildade. Porém, o exibicionismo de bens materiais e o gosto por humilhar os subalternos aparecerão, uma vez ou outra, revelando o verdadeiro caráter do mentiroso.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Resenha: O Lobo Mau no Divã

Há algum tempo comprei um livro muito leve e divertido cuja leitura foi muuuito agradável: O Lobo Mau no Divã, de Laura James.



É uma leitura bem prazerosa, pois a autora fala dos distúrbios de alguns personagens das universais histórias infantis. Você sabia que o Lobo Mau é um experiente psicopata? E a Bela, de A Bela e Fera? Não é estranho ela conviver com aquele monstro? Tudo tem explicação: Ela é co-dependente e sofre de baixíssima autoestima, rs...

Cada capítulo descreve um personagem e oferece explanações sobre o distúrbio psicológico ligado a ele. Propõe também medidas de ajuda e até disponibiliza um questionário resumido para podermos identificar o mesmo padrão de comportamento nas pessoas que nos cercam.

Gostei bastante do livrinho! Claro que não é um tratado de Psicologia e um diagnóstico preciso só poderá ser feito por um profissional qualificado, mas achei a proposta bem interessante. Só não gostei muito do capítulo sobre Polyanna, afinal, eu também adoro fazer o Jogo do Contente, hehehe... Será que sofro de negação?? kkkkkk

Leia outros posts sobre O LOBO MAU NO DIVÃ:

* O Lobo Mau - Um famoso psicopata

* Narcisismo Situacional Adquirido - Subindo no tijolo

UPDATE!!! (25/01/2016)
Veja a resenha em vídeo:

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Assombros

Às vezes, pequenos grandes terremotos
ocorrem do lado esquerdo do meu peito.
Fora, não se dão conta os desatentos.
Entre a aorta e o omoplata rolam
alquebrados sentimentos.
Entre as vértebras e as costelas
há vários esmagamentos.
Os mais íntimos
já me viram remexendo escombros.
Em mim há algo imóvel e soterrado
em permanente assombro.
(Affonso Romano de Sant'Anna)









terça-feira, 13 de dezembro de 2011

A miragem

Não direi que a tua visão desapareceu dos meus olhos sem vida
nem que a tua presença se diluiu na névoa que veio.
Busquei inutilmente acorrentar-me a um passado de dores
Inutilmente.
Vieste - tua sombra sem carne me acompanha
Como o tédio da última volúpia.
Vieste - contigo um vago desejo de uma volta inútil
E contigo uma vaga saudade...
És qualquer coisa que ficará na minha vida sem termo
Como uma aflição para todas as minhas alegrias.
Tu és a agonia de todas as posses
És o frio de toda a nudez
E vã será toda a tentativa de me libertar da tua lembrança.

Mas quando cessar em mim todo o desejo de vida
E quando eu não for mais que o cansaço da minha caminhada pela areia
Eu sinto que me terás como me tinhas no passado -
Sinto que me virás oferecer a água mentirosa
Da miragem.
Talvez num ímpeto eu prefira colar a boca à areia estéril
Num desejo de aniquilamento.
Mas não. Embora sabendo que nunca alcançarei a tua imagem
Que estará suspensa e me prometerá água
Embora sabendo que tu és a que foge
Eu me arrastarei para os teus braços.
(Vinicius de Moraes)


domingo, 11 de dezembro de 2011

O Pequeno Príncipe e a Raposa

E foi então que apareceu a raposa:
- Bom dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho, que se voltou, mas não viu nada.
- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira…
- Quem és tu? perguntou o principezinho. Tu és bem bonita…
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste…
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. Não me cativaram ainda.
- Ah! desculpa, disse o principezinho.
Após uma reflexão, acrescentou:
- Que quer dizer "cativar"?
- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?
- Procuro os homens, disse o principezinho. Que quer dizer "cativar"?
- Os homens, disse a raposa, têm fuzis e caçam. É bem incômodo! Criam galinhas também. É a única coisa interessante que fazem. Tu procuras galinhas?
- Não, disse o principezinho. Eu procuro amigos. Que quer dizer "cativar"?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços…"
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo…
- Começo a compreender, disse o principezinho. Existe uma flor… eu creio que ela me cativou…
- É possível, disse a raposa. Vê-se tanta coisa na Terra…
- Oh! não foi na Terra, disse o principezinho.
A raposa pareceu intrigada:
- Num outro planeta?
- Sim.
- Há caçadores nesse planeta?
- Não.
- Que bom! E galinhas?
- Também não.
- Nada é perfeito, suspirou a raposa.
Mas a raposa voltou à sua idéia.
- Minha vida é monótona. Eu caço as galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens se parecem também. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo…
A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:
- Por favor… cativa-me! disse ela.
- Bem quisera, disse o principezinho, mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm mais tempo de conhecer alguma coisa. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!
- Que é preciso fazer? perguntou o principezinho.
- É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás mais perto…
No dia seguinte o principezinho voltou.
- Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração… É preciso ritos.
- Que é um rito? perguntou o principezinho.
- É uma coisa muito esquecida também, disse a raposa. É o que faz com que um dia seja diferente dos outros dias; uma hora, das outras horas. Os meus caçadores, por exemplo, possuem um rito. Dançam na quinta-feira com as moças da aldeia. A quinta-feira então é o dia maravilhoso! Vou passear até a vinha. Se os caçadores dançassem qualquer dia, os dias seriam todos iguais, e eu não teria férias!
Assim o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:
- Ah! Eu vou chorar.
- A culpa é tua, disse o principezinho, eu não queria te fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse…
- Quis, disse a raposa.
- Mas tu vais chorar! disse o principezinho.
- Vou, disse a raposa.
- Então, não sais lucrando nada!
- Eu lucro, disse a raposa, por causa da cor do trigo.
Depois ela acrescentou:
- Vai rever as rosas. Tu compreenderás que a tua é a única no mundo. Tu voltarás para me dizer adeus, e eu te farei presente de um segredo.
Foi o principezinho rever as rosas:
- Vós não sois absolutamente iguais à minha rosa, vós não sois nada ainda. Ninguém ainda vos cativou, nem cativastes a ninguém. Sois como era a minha raposa. Era uma raposa igual a cem mil outras. Mas eu fiz dela um amigo. Ela á agora única no mundo.
E as rosas estavam desapontadas.
- Sois belas, mas vazias, disse ele ainda. Não se pode morrer por vós. Minha rosa, sem dúvida um transeunte qualquer pensaria que se parece convosco. Ela sozinha é, porém, mais importante que vós todas, pois foi a ela que eu reguei. Foi a ela que pus sob a redoma. Foi a ela que abriguei com o pára-vento. Foi dela que eu matei as larvas (exceto duas ou três por causa das borboletas). Foi a ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. É a minha rosa.
E voltou, então, à raposa:
- Adeus, disse ele…
- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante.
- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa… repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa…
- Eu sou responsável pela minha rosa… repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
(Diálogo entre o principezinho e a raposa, capítulo XXI do livro O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry.)




quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Ria através dos olhos de um Músico

Hoje vi esse vídeo no Facebook de uma amiga e não resisti, tive que postar aqui pra vocês:


É minha homenagem aos meus queridos amigos MÚSICOS, hahahaha... Achei fantástico!!! 
(Não repara não, todo músico é meio biruta, mesmo... kkkkk)

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Soneto do amor total

Amo-te tanto meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.


Amo-te enfim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade 
Dentro da eternidade e a cada instante.


Amo-te como um bicho simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.


E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
(Vinicius de Moraes)


sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Como criar um Delinquente

No mundo agitado e conectado em que vivemos, nos deparamos todos os dias com exemplos de jovens tiranos, insensíveis, egoístas e manipuladores. Ficamos sabendo de histórias de arrepiar os cabelos, não é mesmo? E então, vendo situações grotescas e inacreditáveis, nos perguntamos se o mundo tem ou não tem salvação. O que está errado? Por que a juventude está se tornando tão alienada e cruel?


 


O Departamento de Polícia de Houston, no Texas, elaborou uma lista enumerando algumas maneiras efetivas para se criar um delinquente. Veja:

1- Comece na infância a dar ao seu filho tudo o que ele quiser, assim, quando ele crescer, acreditará que o mundo tem obrigação de lhe dar tudo o que deseja;
2- Quando ele disser nomes feios, ache graça, isso o fará considerar-se importante e desconsiderar aos demais desde pequeno;
3- Nunca lhe dê orientação religiosa, espere até que tenha 21 anos e decida por si mesmo, a sociedade há de auxiliá-lo, mesmo que ele se torne um fanático e seja explorado financeiramente;
4- Apanhe tudo o que ele deixar jogado (roupas, livros, comida), faça tudo para que ele aprenda a jogar a responsabilidade dele sobre os outros;
5- Discuta com freqüência na frente dele, principalmente nos 7 primeiros anos, assim ele não ficará chocado quando o lar dele se desfizer mais tarde;
6- Dê-lhe todo o dinheiro que ele quiser, nunca o deixe ganhar seu próprio dinheiro, assim você o poupa de passar pelas mesmas dificuldades que você passou, mesmo quando ele acabar com todo o seu patrimônio;
7- Satisfaça todos os seus desejos de comida, bebida, conforto, afinal isto poderia acarretar frustrações prejudiciais, mesmo que ele fique obeso, com problemas na coluna, etc;
8- Tome o partido dele contra os vizinhos, professores, policiais, afinal ninguém tem o direito de educar seu filho, só a TV e a empregada;
9- Não o oriente quanto as amizades, mesmo que os parentes lhe avisem que parecem traficantes, e quando ele se meter em encrenca séria, dê a desculpa que nuca conseguiu dominá-lo;
10- Quando estiver em profundo desgosto com a vida, console-se, diga que é o seu destino e o dele, que Deus quis assim...

É triste ver que os jovens de hoje serão os adultos de amanhã, e que se as coisas continuarem como estão, em breve viveremos numa sociedade desumana. Claro que há exceções, mas há um grande trabalho educacional a ser feito. Educacional, sim: nós, os professores, somos parte desse processo. Só que educação começa EM CASA. A educação vem do berço. A função dos pais é EDUCAR seus filhos, não somente sustentá-los e dar-lhes dinheiro para que comprem tudo o que desejam. Professor NÃO É babá de criança mimada!!

Acalanto

Dorme, que eu penso.
Cada qual assim navega
pelo seu mar imenso.
Eatarás vendo. Eu estou cega.
Nem te vejo nem a mim.
No teu mar, talvez se chega.
Este, não tem fim.
Dorme, que eu penso.
Que eu penso neste navio
clarividente em que vais.
Mensagens tristes lhe envio.
Pensamentos - nada mais.
(Cecília Meireles)